Eu não consigo falar do ensaio, sem falar dos sentimentos que cercaram ele, eles andam tão paralelamente que não sei nem separar um do outro. E parte desses sentimentos está diretamente ligado a minha história, ou melhor, a história de cada um. Eu conheço o trabalho da Aline a tanto tempo, que não sei nem onde começou, mas sei que sempre via as fotos dela e dizia pra mim: um dia eu vou fazer fotos com ela. E é nesse ponto que entra os sentimentos, porque eu lá no fundo não me sentia merecedora de fotos. Eu passei tanto tempo da infância e da adolescência com as pessoas falando sobre o meu corpo, me comparando e etc, que eu passei a querer me encaixar num padrão (que só existe dentro das nossas próprias cabeças). Eu resolvi fazer o ensaio por mim, pelo meu corpo que já aguentou tanto, pela mente que tinha saído tão fragilizada da pandemia, e principalmente pra celebrar a vida, a minha vida, afinal toda idade só se faz uma vez, mas 30 anos tem um valor meio emblemático. Eu lembro do dia que eu marquei o ensaio, depois de uma infinidade de ensaiadas, e fiquei ao mesmo tempo eufórica e preocupa; por não gostar de tirar fotos minhas, achei que nada iria ficar bom, e essa sensação me acompanhou antes e depois do ensaio. Durante as fotos, a Aline conseguiu me transformar e sinceramente fazia tempo que não me divertia daquele jeito, não me preocupava daquele jeito. E do momento que me despedi da Aline, até receber as prévias, aquela sensação de “eu não sirvo pra isso, vão ficar ruins” me dominou. As prévias chegaram, eu me reencontrei e me "reapaixonei" por mim, e entendi que a melhor coisa que fiz, foram essas fotos. Eu me senti linda, empoderada, LIVRE! E espero que pelo menos parte das sensações que eu experimentei tenham acontecido nos ensaios de todas as mulheres que passaram por aqui. E repito a todo mundo que me pede, só faça as fotos, é um dos melhores presentes que você pode se oferecer!
GABI LENZI